quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sugestão de Leitura: HISTÓRIAS ÍNTIMAS; SEXUALIDADE E EROTISMO NA HISTÓRIA DO BRASIL, de Mary del Priore

SINOPSE:

Quando o Brasil era a Terra de Santa Cruz, as mulheres tinham de se enfear e os homens precisavam dormir de lado, nunca de costas, porque 'a concentração de calor na região lombar' podia excitar os órgãos sexuais. E nos momentos a sós - geralmente no meio do mato, e não em casa, porque chave era artigo de luxo e não era possível fechar as portas aos olhares e ouvidos curiosos -, as mulheres levantavam as saias e os homens abaixavam as calças e ceroulas. Casos íntimos são narrados por Mary del Priore. Em 'Histórias Íntimas', ela procura mostrar como a sexualidade e a noção de intimidade foram mudando ao longo do tempo, influenciadas por questões políticas, econômicas e culturais, e passaram de um assunto a ser evitado a todo custo para um dos mais comentados no mundo contemporâneo.

SOBRE CULTURA E SEUS VÁRIOS CONCEITOS

1.CONCEITO GERAL DE CULTURA
A ANTROPOLOGIA entende a cultura como o totalidade de padrões aprendidos e desenvolvidos pelo ser humano.
Segundo Edward Tylor, cultura seria "o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, morais, leis, costumes e outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade".
Corresponde, neste último sentido, às formas de organização de um povo, seus costumes e tradições transmitidas de geração para geração que, a partir de uma vivência e tradição comum, se apresentam como a identidade desse povo.

2. OS VÁRIOS ASPECTOS DO TERMO
a) Transculturação é o processo que ocorre quando um indivíduo adota uma cultura diferente da sua, podendo ou não implicar uma perda cultural. A transculturação está ligada à transformação de padrões culturais locais a partir da adoção de novos padrões vindos através das fronteiras culturais em encontros interculturais ou migrações transacionais, envolvendo sempre diferentes etnias e elementos culturais. É a transformação de padrões a partir do elemento externo.

b) Enculturação

Este é um processo educativo através do qual os indivíduos
apreendem os elementos da sua cultura, quer informal, quer formalmente. Este processo acontece informalmente de um modo contínuo, seja consciente ou inconscientemente, pois processa-se essencialmente pela imitação e pelo envolvimento com grupos espontâneos, e não instituições sociais.
Família e amigos enculturação informal
Escola enculturação formal

c) Aculturação
A aculturação é, basicamente, o resultado das relações culturais que podem ser de ordem diversa:
Simbiose Cultural
Ocorre quando há coexistência ou convivência entre duas ou mais culturas (sub culturas, por exemplo).
Esta coexistência ou convivência não pode ser ocasional ou temporária.
Osmose Cultural
Ocorre quando, por mais que as culturas sejam diferentes, alguns elementos culturais unificam-se devido a alianças matrimoniais, trocas comerciais, escaramuças e lutas ou guerras.

Fusão Cultural
Ocorre quando os elementos culturais de duas ou mais culturas se misturam de tal modo que dão origem a outra cultura como aconteceu, por exemplo, no México: a cultura azteca nativa fundiu-se com a cultura espanhola invasora dando origem à atual cultura mexicana.
Segregação ou Apartheid (racial e cultural)
Este é o nome que se dá à recusa política de aculturação, provocando uma cisão entre cultura nativa e invasora.
Qualquer um destes fenômenos são absolutamente negativos, tentando deter, em vão, a dinâmica social.

Sincretismo
Ocorre quando se fundem características de divindades e/ou outros elementos religiosos de sistemas religiosos absolutamente diferentes, dando origem a divindades ou elementos novos.

d) Desculturação

É o processo de perda ou destruição do patrimônio cultural, o que pode incluir apenas alguns elementos culturais ou toda uma cultura. Este processo pode acontecer de um modo imperceptível, como acontece com a constante evolução e renovação da língua; ou pode acontecer de modo traumático, como em situações de extermínio e genocídio, que visam acabar com todo um povo e sua cultura, ou "moldá-los" para escravatura.

e) Multiculturalismos (ou pluralismo cultural)
  É um termo que descreve a existência de muitas culturas numa localidade, cidade ou país, sem que uma delas predomine, porém separadas geograficamente no que se convencionou chamar de “mosaico cultural”.
f) Intraculturalismo
  Ocorre quando uma cultura assimila completamente outra.

g) Interculturalismo
  Refere-se à interação entre culturas de uma forma recíproca, favorecendo o seu convívio e integração inserida numa relação baseada no respeito pela diversidade e no enriquecimento mútuo.
  A expressão também define um movimento que tem como ponto de partida o respeito pelas outras culturas, superando as falhas de relativismo cultural, ao defender o encontro, em pé de igualdade, entre todas elas

AS MULHERES E OS SÉCULOS XX E XXI


       As Mulheres e os séculos XX e XXI
       As lutas das mulheres por direitos
  1. Lutas no Século XX assumiram duas direções:
a)      reivindicação (liberal): pela participação na esfera pública, com o reconhecimento de seu direito à cidadania, mediante o acesso ao voto (movimento sufragista);
b)      denúncias e movimentos (de orientação socialista utópica, socialista marxista e anarquista) contra a repressão às mulheres no espaço doméstico e no trabalho;
Þ        decorrência da Revolução Industrial - mulheres pobres ingressaram nas fábricas (interesse do sistema capitalista →  mão-de-obra mais dócil e mais barata do que a masculina);
Þ        cumpriam longas jornadas de trabalho, recebiam salários inferiores;
Þ        reprodutoras da classe trabalhadora → para aumentarem o exército industrial de reserva;
2. Progresso científico - não melhorou a sorte feminina:
Þ        setores do mundo da ciência formularam/deram suporte a teorias reiterando a inferioridade da mulher em relação ao homem;
3. Lutas feministas continuaram:
Þ        movimento sufragista (séc. XX) - direito de voto feminino (Estados Unidos, países da Europa ocidental e da América Latina), Brasil -1932;
4. Segunda Guerra Mundial:
Þ        homens envolvidos no conflito armado;
Þ        mulheres ocuparam seus postos em indústrias (países beligerantes ) → presença mudou o perfil da classe trabalhadora;
Þ        EUA pós-guerra → campanhas retorno aos lares, sem sucesso;
5. Década de 1960 - muitos movimentos sociais de contestação contra:
Þ        mulheres  (EUA) → contra subalternidade, exclusão do poder, autonomia e direitos;
Þ        negros sul-africanos → Apartheid;
Þ        negros norte-americanos → contra segregação racial;
Þ        estudantes de várias partes do mundo – por mudanças na educação e, em alguns casos, contra os governos;
Þ        hippies – pela liberdade e modos de vida alternativos;
6. Pílula anticoncepcional:
Þ        revolucionou costumes e promoveu a liberação sexual, afetando as relações afetivas, familiares e as concepções de maternidade;
7. Movimentos feministas:
Þ        Intensas mobilizações pelo mundo inteiro;
Þ        Internacionalizaram-se desde 1975 (Conferências Mundiais);
Þ        reivindicação de políticas públicas para mulheres;
Þ        1960-1970 - Estudos de Gênero - campos de estudo de Universidades;
       A violência contra as mulheres: uma reflexão
8. História/evolução:
Þ        mulheres desempenha(ra)m papéis de considerável importância (mesmo restritas - espaço privado), na reprodução familiar);
Þ        com a conquista do espaço público → ampliaram atuação e hoje exercem as mais diversas profissões (inclusive consideradas masculinas);
Þ        de dirigidas → a dirigentes (chefiando famílias, empresas e instituições políticas);
Þ        apesar de todo o avanço da questão feminista (2ª metade séc. XX)) → é  ainda forte a discriminação/violência contra mulheres em diversas sociedades (incluída a brasileira);
Þ        agressões, assédio sexual, espancamentos, estupros, assassinatos, violência simbólica → algumas das formas de violência na vida cotidiana (explícita ou silenciosa);
Þ        afora a antiga e persistente mercantilização do corpo atualizada pelo turismo sexual;
9. Indagação e reflexão (razões da discriminação e violência):
Þ        resposta mais geral → persistência de mentalidade patriarcal e machista, apesar das transformações socioculturais (formas de sexualidade, relações afetivas, estruturas e convivências familiares);
Þ        continuação de padrões masculinizantes de interpretar o mundo e exercer as práticas sociais;
Þ        naturalizar as diferenças entre sexos como algo dado, imutável, é reduzir não só a humanidade do Outro, mas a própria;
Þ        homens e mulheres são diferentes (termos biológico-anatômicos) → compartilhar a sua humanidade;
Þ        dificuldade em quebrar certos padrões sexistas de relacionamentos sociais entre homens e mulheres;
       A garantia da diversidade de Gênero e os direitos da mulher no Brasil
10. Fatores de pressão (sobre organismos internacionais e Governos):
Þ        maior presença das mulheres no âmbito da população mundial (52%,2006);
Þ        expressiva participação na População Economicamente Ativa (PEA);
Þ        imensa rede de movimentos e organizações feministas;
10. Codificação jurídica e de implementação:
Þ        plano internacional, muitos documentos foram exarados no sentido de garantir os direitos das mulheres;
Þ        plano nacional brasileiro, depois das muitas lutas e movimentos de mulheres, desde as primeiras décadas do século XX, elas ampliaram suas conquistas a partir da década de 1980.
                                → Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (1985, CNDM – MJ);
                                → Constituição de 1988 - dispositivos amparam direitos das mulheres;
11. No 1º dia do Governo Lula (1/01/2003):
Þ        criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, status de ministério;
Þ        “para desenvolver ações conjuntas com todos os Ministérios e Secretarias Especiais, tendo como desafio a incorporação das especificidades das mulheres nas políticas públicas e o estabelecimento das condições necessárias para a sua plena cidadania.
                (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Portal Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, home)
          Estados e em muitos municípios:
Þ        criados setores institucionais encarregados de políticas públicas para mulheres.
12. Planos Nacionais:
Þ        I Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (2005, 2006);
Þ        II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (março de 2008) - atualizando e introduz novas áreas estratégicas de políticas públicas para as mulheres.
Þ        Violência: Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340)
                Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8 o do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências.”       (PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, Portal).