segunda-feira, 5 de setembro de 2011

PASSEANDO POR CAMPINA GRANDE: UM PROJETO COM ALUNOS DO TERCEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Esse texto surgiu com a intenção de pensar sobre um passeio feito nos últimos oito anos com alunos da terceira série do ensino fundamental do Colégio Motiva - Campina Grande. É, com certeza, uma experiência fantástica. Penso que em poucos dias estarei fazendo esse passeio com Arthur e Danilo: meus filhos.

PASSEANDO POR CAMPINA: a cidade como sala de aula

Nas duas últimas décadas do século XX o Brasil vem vivenciando um conjunto de experiências no que diz respeito a novas metodologias de ensino bem como novas visões sobre o Patrimônio Histórico.O projeto Passeando por Campina reflete, na atualidade, essa preocupação.
Nas cidades, a constituição de patrimônios históricos foi feita através de determinados agentes, recrutados entre os intelectuais, e com instrumentos jurídicos específicos, que selecionam bens e lhes atribuem valor, enquanto manifestações culturais e enquanto símbolos da nação. Segundo Maria Cecília Londres Fonseca “esses bens passam a ser merecedores de proteção, visando à transmissão para as gerações futuras, nesse sentido, as políticas de preservação se propõem a atuar, basicamente, no nível simbólico, tendo como objetivo reforçar uma identidade coletiva, a educação e a formação de cidadãos”
Ao construir a memória através de patrimônios históricos, o homem intervém não só na ordenação dos vestígios, dos registros, mas também na sua releitura. Ela é a expressão de modos como os grupos se apropriam e fazem uso do passado. Ao buscarmos entender como se constitui a memória coletiva face aos acontecimentos presentes, percebemos que ela não é somente uma conquista, mas também um instrumento de poder.
Foi a partir deste olhar que fizemos um roteiro com os alunos do terceiro ano (fundamental) pela cidade de Campina Grande. Era importante perceber tais lugares como territórios onde houve uma preocupação por parte do Estado – como também da iniciativa privada - em preservar alguns dos seus prédios, monumentos, documentos etc. A idéia foi perceber a cidade como um Museu.
Os Museus são indicativos empíricos que constroem as memórias da cidade e pensá-los sendo a própria cidade torna-se importante pois é nesse espaço onde as tramas históricas acontecem de varias formas. É ver as  cidades como como patrimônios culturais, ou seja, formadas por monumentos, conjuntos e sítios que tem  um valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência. No nosso entender, e isto foi pensado, deve-se haver um cuidado com  relação as visitas “históricas” para não torná-las tão somente como  olhares “românticos” e/ou olhares “coletivos” pois estes são habilmente manejados pelo mercado para atrair clientes específicos, para a praia “selvagem” ou o “point do verão”, e é possível observar, principalmente na propaganda, que são a partir dessas imagens pré-concebidas e simplificadas que são criados os paradigmas dos lugares turísticos. As imagens estabelecidas para um lugar turístico geralmente são associações de elementos naturais, como o clima, a vegetação e as formas do relevo, e de elementos culturais, como as festas populares, os museus, a arquitetura e os monumentos públicos. Da composição bem dosada entre o pano de fundo visual proporcionado pelo ambiente físico e a vida cultural dos lugares surge o que denominamos “cenários do lazer”.
As imagens da cidade, sejam elas parciais ou intencionalmente totalizantes, “falsificadas” ou ”autênticas”, divulgam e cristalizam paisagens e identidades culturais selecionadas pelos interesses dos grupos que as criam. Levar as crianças para passear na cidade não foi apenas um momento entendido como lazer, mas antes de tudo um momento de reflexão sobre a mesma como um lugar onde as várias histórias, mitos, lendas e lutas estão presentes  e devem ser conhecidos por aqueles que às vezes vêem a cidade apenas pelos vidros dos seus automóveis.

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